O que este abandono representa para a psique humana? O
que de fato está acontecendo?
Muito longe das profecias catastróficas ao qual temos
sido acometidos, por meio de profetas oportunistas que descobriram uma maneira rápida
de ganhar fama e também, longínquos dos céticos que afirmam ser este tempo
igual a todos os outros, estamos presenciando um dos maiores acontecimentos,
sob o ponto de vista ideológico, dos últimos quinhentos anos: a renúncia de um
papa, aquele que simboliza, para os católicos, o próprio Jesus, O filho de Deus.
As profecias de São Malaquias,
segundo alguns estudiosos, já previam este evento sendo o sucessor de Joseph o
Papa Petrus Romanus - Pedro Romano - Papa Pedro II. Ainda, por São Malaquias, “estaríamos
vivendo, nessa época, o duelo entre duas correntes no interior da Igreja culminando
no fim desse poder espiritual-político”.
Trago aos leitores uma ideia, sob o
ponto de vista psicológico, do que estamos presenciando.
Leonardo Boff, uma das lideranças da
teologia da libertação, nos indica um bom caminho para o melhor entendimento. Esta
Teologia está centrada numa reinterpretação antropológica da fé cristã, ou
seja, propõem o olhar crítico para as leis e condutas que assumimos como inquestionavelmente
sagradas, cegos de que na verdade, não passam de utopias da mente humana para
assegurar o poder espiritual e o controle politico sobre o povo, fugindo assim
da essência que é trabalhar para os mais necessitados, realizando os sacrifícios
que forem necessários.
A psique da alma humana encontra-se
nesta transição. Perdem sua força e começam a findar os paradigmas antigos para
nascerem os próximos, agora mais luminosos. O interessante é que, esses padrões
mais lúcidos também não nos falarão totalmente a verdade, todavia, nos jogarão
para um plano de consciência mais maduro. Assim evoluímos. Em síntese, não
estamos vivendo o fim do mundo nem o fim do catolicismo, mas, o arremate de uma
etapa da humanidade.
Há muitos anos leio sobre a teoria
da igreja e da anti-igreja, do conflito nos corredores entre o Papa e o Antipapa.
Nesses escritos antigos, são referidos os poderes “antagônicos” que sempre
existiram no interior da Igreja católica e que isto viria à tona em tempos
futuros. Por qual razão esta ideia é verdadeira?
Pelo fato de que, sob o ponto de
vista psicológico, no interior do universo de cada ser humano, há duas forças:
instinto de vida (Hera, a Deusa protetora da vida) e instinto de morte (Tânatos,
o Deus da morte). E, a igreja foi montada por seres humanos, mesmo que,
inspirada por fluídos Divinos emanados de Deus.
No entanto, poucos percebem a chave da questão para o
bom entendimento: ambos os Deuses ou instintos humanos pertencem a uma ordem
natural da evolução da nossa percepção da vida, ou seja, não há contrários,
mas, complementos que geram, através das crises, a Ascenção da consciência humana.
Para que a luz (aquilo que nós e uma
parte da humanidade já desvendou) e a sombra (aquilo nós e uma parte da humanidade
ainda não compreendeu) sejam fundidas, ou seja, nos impulsionem para um grau
cada vez mais profundo de amadurecimento psicológico e espiritual, é necessário
que ambas as partes sejam percebidas em níveis cada vez mais claros. A igreja,
assim como todas as entidades de maior relevância política, são fiéis ao que
existe no interior do ser humano: luz e sombra.
O papa João Paulo II foi maioral,
não somente pelo nível espiritual que conseguiu atingir em seu interior, mas,
também por ter a força psicológica e politica para declarar isto à própria Igreja
e aos seus fiéis: “dentro desta Igreja há duas forças e elas ficarão claras nos
tempos que hão de vir”.
Quiseram os místicos, ainda
imaturos, que esta transição humana para a nova Era, de Aquários, fosse
realizada de maneira mágica, uma catástrofe geológica mundial e tudo resolvido:
seriam salvos os bons e morreriam os maus.
O processo de amadurecimento
psicológico e espiritual de cada ser humano e da própria alma humana passa por
um profundo e longínquo trabalho, ao qual vamos mudando não apenas a nossa
percepção, mas, principalmente, as nossas atitudes.
E, as turbulências se acentuam
quando estamos prontos para dar mais um salto positivo, afinal, é o momento
quando recebemos e elaboramos verdades mais intensas. Depois dessas fases
transitórias, que dura um tempo ao qual nenhum de nós deve prever, voltamos à
paz. Lá adiante, quando as verdades inovadoras já não mais têm força para nos
impulsionar ao próximo amadurecimento, entramos novamente em crise e após, retornamos
à paz. Há ciclos cósmicos e psicológicos acontecendo desde sempre. Todavia, cada
vez que retornamos à paz, o fazemos de maneira cada vez mais integrada.
Evidentemente, há um perigo diante
de tudo isto e deve ser ressaltado: num lado os sensacionalistas que veem os
acontecidos como oportunidade para apregoar o medo e no outro, os desatentos que
não percebem a vida lhes incitando mudanças profundas em suas atitudes diárias.
Ambos sucumbirão neste tempo de turbulências.
Não é necessário esperança nem
tampouco otimismo. É imprescindível o aperfeiçoamento pessoal através de
terapia individual ou grupal, meditações e orações, a fim de que possamos
nos dar, continuamente, lucidez ao invés de sonolência.
Vou compartir seu post....
ResponderExcluirGratidão
Da mesma forma a minha gratidão por compartilhar estas ideias simples. Um abraço fraterno para você. Até breve.
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