Estou aprendendo
a não ter medo.
Medo de nada!
Não falo de
coisas como me atirar na frente de um caminhão ou qualquer diferente loucura.
Isso é outra coisa. Falo do medo que verdadeiramente permitimos que nos firam: medo de que um dia faltará algo, medo de que não somos suficientes para sermos reconhecidos pelos outros, medo de não ser amado tanto quanto amamos; medo de ficarmos sós.
O medo está morrendo dentro de mim, todos eles. E, o mais estranho: estou aprendendo a terminar com o medo sentindo medo.
Sim.
É passando por ele que aprendemos o que melhor fazer e não fugindo dele, como muitos acreditam ser o melhor. Ultimamente, tenho sentido muito medo, um medo como nunca havia presenciado antes. Ele sempre vem maior. Contratei isso com ele: chegue mais perto de mim, irmão medo, cada vez mais claro e eu farei de ti um caminho.
Assim tenho lidado com o medo; ando de mãos dadas a ele para que me indique o que ainda não sei de mim. E, ele fica lá, como se com uma bandeirola na mão me acenando: “ei, venha por aqui; isto você ainda não conhece”.
O meu medo às vezes se apresenta com dor, com ansiedade, com vontade de fugir sei lá para onde. Mas, nesse contrato, também coloquei algumas imposições: ele jamais será o fim; apenas servirá de incentivo. Pois, o quero como uma ponte e não como um muro.
Não estou disposto a castrar qualquer sonho que um dia eu tenha tido a coragem de sonhá-lo. Se, sonhei e experimentei em algum lugar da minha alma, quero degustar também aqui, através de todos os meus sentidos humanos. É meu direito!
Essa foi à descoberta mais espetacular que tive ao longo da minha vida: que justamente o medo, aquele que é tão mal visto por tantos, seria o meu grande mestre e o meu maior incentivador ao amadurecimento. E, de lambuja, ele ainda me ensinou que não há qualquer coisa dentro dos meus pensamentos e sentimentos que estejam contra a vida. Basta apenas que eu aprenda a bem direcionar o que há na essência de cada uma delas.
Ainda tenho medo de voar, muito medo. Mesmo assim, nasceram asas em minha imaginação que às vezes estão nas minhas costas, outras vezes, nos meus olhares. Outras ainda, na minha certeza de que nascemos predestinados à realização.
Mesmo que lutemos ferozes, que façamos das mais antipáticas artimanhas, a felicidade nos vencerá. Seremos, todos nós, a qualquer dia desses, abarrotados por ela.
Imaginem: tudo está ao nosso favor! Um único fluxo que nos leva para a vitória! Pensávamos que não era assim; chegamos a acreditar que havia duas forças opostas. Puxa! Isso nos trouxe muitos problemas.
Mas, as coisas mudam e sempre evoluem, mesmo que aos olhares desatentos pareça que não. Por isso, alcançamos este lugar, como alguém que, depois de muito esforço, chega ao mais alto da montanha e consegue avistar o que havia além. Quem já viveu isso, sabe do que vou dizer agora: nossos olhos, no início, têm dificuldade de focar. Logo em seguida, piscamos e, numa brevíssima respiração, todas as formas se definem como numa explosão de cores.
Descobrimos que nunca houve qualquer coisa para ser vencida. Que não havia qualquer inimigo, muito menos feiuras dentro de nós: eram mistérios e mistérios provocam medo, pois, todos os fantasmas moram em nossos mistérios.
E, todos os
fantasmas evaporam quando os mistérios se transformam em sabedoria.
É bem isso, como
uma casca de ovo que se abre aos poucos, na descoberta do mundo além daquelas
limitações impostas pela fronteira. A luz resplandecente da vida infiltra-se
para dentro do ovo convidando a luz, que
já havia lá dentro, a sair e expandir-se além de qualquer coisa que a
limite.