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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A Paz

E, o aluno esforçado perguntou ao Mestre:
                - Aonde se encontra a paz?
                O mestre, certeiro como a flecha do arqueiro impecável, respondeu:
                - No seu centro.
                Pois, o aluno foi além:
                - Então, por qual razão eu saio do centro, se ali está a minha força maior?
                O mestre seguiu:
                - Ao sair do seu centro, você provoca o movimento. Imediatamente, todo o seu ser entra em crise afinal, o próximo passo sempre é inédito. Ao mesmo tempo, toda essa totalidade busca o próximo equilíbrio, até que, em algum momento, você o alcança. É quando você encontra a mesma paz, no entanto, você não é mais o mesmo.
               
                Aqui precisamos avançar na compreensão do que significa a palavra paz. 
                Há a paz que necessitamos alcançá-la. Quando você está profundamente num estado meditativo, é capaz de encontrar a paz naquilo que é. Sente que não há para onde ir nem o que desejar. É capaz de perceber que tudo já está ao seu alcance pelo fato de você ser o que tem buscado. Você é a totalidade.
                O universo respira através de você.  
                Porém, há outro tipo de paz, proveniente desta primeira.
                Nesta, o nosso aprendizado é justamente o oposto: necessitamos ter a coragem de soltá-la a cada instante.
                - Soltar a paz?
                - Sim. Por exemplo, se você alcança um sonho, se atinge uma virtude, se finalmente compreende algum aspecto da sua vida, se você tiver qualquer tipo de êxito, certamente, você viverá a sensação de paz. Ela lhe trará o conforto e a satisfação de um caminho que foi conquistado. No entanto, logo após, você estará estagnado, sem movimentos, preso ao que conquistou. Olhando para o que já passou.   
                Alguns não dão o próximo passo e começam a morrer ali mesmo, pois, se já passou, por melhor que tenha sido, não mais existe, está sem vida, é apenas um fantasma. Outros, os mais atentos, respiram, agradecem e se voltam para frente. É quando se jogam como as ondas do mar, quando são impulsionadas pelo oceano que as formou.
                Esses, os mais corajosos, compreendem a necessidade de sair da estabilidade, lançando-se ao desequilíbrio, para então, alcançar uma nova estabilidade. É assim que obtêm os patamares mais altos da sua própria força. Um dia eles também serão os mestres.
               
                Deste jogo todos nós vivemos. Enquanto uma paz pode ser alcançada a qualquer instante, bastando a aceitação de tudo o que é como o mais perfeito, a outra, passa por nós ligeiramente, gerando prazeres e crises, para que então, tenhamos movimentos e avanços.
                Crescer, a cada “estar presente”. Crescer a cada “instabilidade”.
                A vida.         

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