Quando estou ao meio da mata nativa, é ali que eu
percebo a verdade: tudo já está pronto. Apenas a minha consciência para que
perceba de que tudo já está pronto, é quem deve avançar.
Há duas verdades na mata nativa: só há belezas; as
belezas se complementam.
Assim também é a natureza como um todo: não há nada fora
da ordem nem tampouco contrário a ordem.
Há. Somente isso.
Mas, o homem e a mulher, modernizados, cegaram seus
olhos para ver o que existe em sua volta. Por isso, pensam que é necessário
jogar com a vida: para ter sucesso a corrupção das leis; para ter prestígio, a
venda de mentiras; para ter dinheiro, a compra de pessoas, e assim por diante.
São seres humanos cegos...somos seres humanos cegos.
Adulterar o leite, o vinho, a água são apenas
fragmentos da cegueira coletiva ao qual fizemos parte. Uns, conscientes de que
ainda são cegos e buscando livrar-se desse ‘entulho nas vistas’. Outros,
inconsciente de sua cegueira.
Mas, o que pode ser feito diante disso? Prender os
culpados? Sim.
Alimentarmo-nos melhor, preferindo lugares mais
confiáveis e, muitas vezes, nem tão atraentes para comprarmos os nossos alimentos?
Sim.
Porém, tudo isso será uma solução provisória. É necessário
mais e melhor.
Precisamos ser mais humanos e melhores humanos.
Teremos que reeditar a confiança em nossa própria
humanidade, vendo-a com bons olhos, afinal, mesmo que escondida, fizemos parte
da beleza de toda a natureza.
Não é possível se tornar mais belo ou menos feio. Não nos foi dado o recurso de mudarmos a nossa
essência. É possível, tão somente, realizarmos coisas mais belas e menos feias
com nós próprios e com os demais.
Por isso, nem ao menos gosto de discutir a ideia de
ser ‘otimista’ diante do que andamos vivendo. Não creio que seja uma questão de
otimismo ou pessimismo, pelo fato de que, esta reflexão parte da dúvida.
E,
a dúvida é filha do medo.
Por isso não tenho nem preciso de esperança. Eu vivo a
fé e isso tem me bastado.
Fé de que estamos no caminho certo, justamente pelo
fato de que não é possível sair do caminho, mas, tão somente, trilhar todos os
cenários que o caminho pessoal e coletivo nos oferece. E, à medida que vamos aprendendo a caminhar (você
sabe disso), percebemos que tudo estava sincrônico com o que tínhamos a
aprender.
Eu não tenho raiva dos que estão adulterando as
coisas. Se tivesse, teria que enraivecer comigo mesmo. Eu também tenho tentado
distorcer a realidade e isso, certamente, não atinge apenas a mim. São tocados
aqueles estão em minha volta.
Mal sei experimentar os presentes mais básicos que a
vida tem me dado, o que dirá os mais profundos.
Mesmo assim, eu amo minha humanidade. Minha estupidez
e distrações com aquilo que me esvazia ao invés de me completar, faz parte do
pacote. Também ali habita minha sabedoria e minha capacidade de criar soluções.
É um kit que eu, e supostamente você, recebemos: uma caixa escrita na parte de
fora ‘kit ser humano’.
No entanto, quando aprendemos a abrir essa caixa, lá
dentro, no centro, encontramos uma segunda mensagem: ‘kit divindade’.
É quando nos lembramos de ou quando somos tomados pela
percepção de que não há nada a adulterar, mas, tudo para aproveitar. Creio que
muitos dos que já andaram por aqui, descobriram isso: eram os que amavam a
vida, falavam com a natureza e se preocupavam com os outros. Eles foram impecáveis
(não limitaram o próprio ser).
Que beleza! Tanta vida a nossa disposição! Tantas chances
de sermos felizes e de contemplarmos as possibilidades que habitam as nossas
células.
Uma última mensagem:
Outro dia, uma pessoa me disse: ‘não escreva textos
longos; as pessoas andam muito apressadas para ler coisas que exijam mais tempo’.
Eu
pensei que essa pessoa tinha razão, mas, ao começar este texto, ao qual você
está lendo agora, coloquei uma música com sons da natureza. Relaxei, respirei
sem pressa e contemplei.
E, vi imediatamente, que o bom tempo tinha se alargado
para mim. E, que este texto, mais longo, também poderia ser um remédio para
alargar o seu bom tempo quando estivesse lendo-o.
Portanto, desta vez, nada de sínteses. Estamos, neste momento,
nos dando o prazer de estarmos juntos, nos sentindo bem e com o coração
tranquilo.
Até breve.
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