Quem ou o que é a palavra ‘não’ neste momento? Algo assustador,
doído, desamoroso?
Dizem alguns pais: Eu recebi muitos nãos; farei diferente
com o meu filho: direi muito ‘sim’.
Filhos ocupam o seu dia (todos os dias da semana)
jogando 6 ou 7 horas de jogos nada instrutivos. Aliás, muito violentos.
Seus quartos abarrotados de brinquedos, e por isso, a
maioria deles, desvalorizados, deixados num canto. Alguns desses brinquedos perigosíssimos,
sob o ponto de vista psicológico: a internet por exemplo. Ali, com milhares de
informações acessíveis diariamente para as crianças, elas se regozijam da total
liberdade dentro do seu quarto com a porta que pode ser chaveada por dentro.
Uma questão relevante é que tudo está ocorrendo, em
especial, nos últimos 25 anos. Ou seja, temos muito poucos estudos e provas de
que esta enxurrada de apelos visuais e emocionais está adoecendo a criança; o
nosso futuro adulto.
Jogos não somente violentos, mas cruéis e impiedosos
estão educando o cérebro dos nossos filhos. Diz o pai ‘é bom para ele; o mundo
anda violento mesmo, saberá como se defender’; diz a mãe ‘eu não consigo dar o
limite, todos os coleguinhas dela também estão fazendo isso’.
O movimento do Pêndulo fica claro: nos tempos mais
antigos, tínhamos pais (em especial o pai, a figura de maior autoridade) agindo
muitas vezes como tirano, bárbaro, ditador.
Agora, o pêndulo foi para o outro extremo. Estamos
formando crianças tiranas, ditadoras das regras da casa, bárbaros que muito
pouco conhecem o limite.
É provável que tenhamos que passar pela dor de, ao
longo dos anos que seguem, assistir de perto um ser humano rebelado e não alguém
amadurecido para provocar modificações. Não pensem que uma criança que rejeita
as regras e a hierarquia é um agente de melhoria social. Pelo contrário. Todo o
rebelde apenas mantém a desordem ao qual estamos metidos.
Precisamos formar crianças pensadoras, voltadas ao seu
próprio coração, com a capacidade de propor mudanças sendo elas próprias essa
mudança.
Carecemos de inteligência emocional e espiritual. E,
na falta de limite, não é possível construirmos pessoas desenvolvidas em ambas
as partes.
O espaço para criação no interior de uma criança parte
de um lar organizado. Um lugar alegre e, ao mesmo tempo, sereno. E, a serenidade
se manifesta quando não andamos em extremos.
É o limite, é o ‘não’ equilibrado ao ‘sim’ que nos joga
ao bom discernimento e a harmonia.
É provável que os pais (que também continuam sendo
filhos) precisem de ajuda neste momento, mais do que em qualquer outra hora. Também
eles precisarão reinterpretar a palavra ‘limite’.
Até breve.
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