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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Eu fumo, mas não quero que o meu filho fume.


          Esse é um dos grandes dilemas dos pais fumantes.
          Lembro-me de um professor de Psicologia que nos dizia: “só é possível pais reais e não ideais, assim como, filhos reais e não ideais”. Ou seja, quando formam a sua família, os pais também estão em processo de aperfeiçoamento.  Homens e mulheres quando alcançam o papel de pai e mãe ainda não estão prontos. Seus filhos, muito menos. Essa é a vida: jogando-nos, como faz a maré com os barcos, às experiências que nos auxiliem na melhor compreensão sobre nós mesmos e a vida.
            Portanto, o primeiro sentimento a ser evitado pelos pais que fumam é a culpa, pois ela trava qualquer melhoria, enquanto que, outro sentimento que não pode ser evitado é a responsabilidade. A segunda questão é demonstrar aos seus filhos a sua humanidade falível e o seu esforço em melhorar-se. Vejamos essas duas questões.
 
            A culpa trás consciência do que está sendo feito com o seu próprio corpo e com o meio familiar. Portanto, ela desperta. No entanto, ela também fragiliza a todos.
            Pais culpados por estarem fazendo uso do cigarro e, quem sabe, influenciando que seus filhos venham a usar também essa droga de nada adiantam para alcançarem a solução. É necessário que os pais superem a culpa e alcancem a responsabilidade. Enquanto a culpa imobiliza, a responsabilidade trás os movimentos necessários para as mudanças.

Pais reais, portanto, falíveis: “eu não sou perfeito (a), mas, me preocupo muito com você”. Essa é uma frase importante de ser dita para os filhos. “Estou me esforçando para superar aquilo que ainda não sei” é também uma frase e, principalmente, uma atitude muito salutar desses pais. Deixar claro as dificuldades enfrentadas para vencer o vício, mostrar conteúdos pedagógicos que esclareçam sobre os males do cigarro, lembrar a existência dos grupos de apoio aos fumantes, trazer para o meio familiar às alternativas para a superação do fumo como o chiclete com nicotina, adesivos e medicações adequadas; todas são atitudes importantes para que a família ganhe força e se una para vencer essa etapa da vida.

De acordo com a Pesquisa Especial de Tabagismo de 2008, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 17,5% dos brasileiros com 15 anos ou mais são usuárias do tabaco. Segundo os dados estatísticos de primeiro de junho de 2012, a população brasileira está em 193.946.886, ou seja, temos atualmente mais de três milhões de brasileiros ingerindo as 4.720 substâncias que cada cigarro carrega. É muita fumaça!
            A partir de um estudo concluído em 2011, feito por instituições nos EUA, analisou-se o comportamento de 2.970 pessoas que começaram a fumar na adolescência. Após dez anos de consumo, apenas 381 haviam parado de fumar. A conclusão foi que, nas relações entre pais e filhos em que não havia proximidade, havia maior dependência.
            Portanto, o diálogo é fundamental para que a família alcance a melhor visão a fim de superar essa questão. Notem que eu uso a abordagem “família” e não “indivíduo”. Isto se deve a questão do uso do tabaco ser uma questão sistêmica e não individual. Deste modo, requer um movimento de todos os envolvidos e, em especial, é claro, do usuário do tabaco.  
            Caso o seu filho venha a lhe dar uma bronca, tenha a certeza de que ele está preocupado com a sua saúde. Não o reprenda. Pelo contrário, chame-o para uma conversa sobre esse assunto. A solução virá através da união de todos.
            Algumas outras dicas: não fume na gestação; caso isso não tenha sido evitado, siga motivada em conversar com os seus filhos e tome atitudes positivas para melhorar a sua vida a partir de agora; não fume dentro de casa; não torne o vício ao tabagismo algo que transpareça “natural” aos seus filhos. Eles precisam ser conscientizados diariamente que fumar é perigoso e maléfico para a saúde.
            Muitas pessoas conseguem superar o vicio. No entanto, outras necessitam de ajuda psicológica e, por vezes, também o auxílio medicamentoso. Há muitos recursos por aí. Tome coragem. Peça ajuda.
           Tenho acompanhado centenas de casos onde a vitória é conquistada. São mudanças belíssimas que ocorrem na vida dos pais e também no dia a dia de seus filhos.  

 

           

 

 

 

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