Tem 92 anos, três filhos, cinco netos, nasceu na cidade de Jaguari, Rio Grande do Sul. É
viúva.
É a 18ª do total de 30 irmãos. O pai casou pela primeira vez,
teve 13 filhos. Sua esposa morreu. Voltou a casar e teve mais 17 filhos.
Antonieta chegou nessa segunda leva.
Os 30 irmãos almoçavam juntos de domingo a domingo. Construíam o tempo
para para isso.
‘O papai e a mamãe adoravam estar no meio de muita gente; além
de nós, sempre tínhamos convidados’. Mesmo depois dos mais velhos se casarem, a
sala de jantar, que mais parecia um salão de baile, recebia a todos. Aliás, segundo
dona Antonieta, seu pai, como um bom pai daquela época, preferia fazer os
bailes em casa. O espaço era suficiente para que seus olhos ficassem mais perto
das 13 filhas.
‘Eu só conheci a mamãe grávida e ela nunca reclamava de nada,
pelo contrário, falava pro papai coisas alegres e conosco, era muito generosa'.
Sua mãe era uma dona de casa.
Dos 29 irmãos, a senhora Antonieta não gostava muito de
conviver com apenas um deles. Lembra que ele desejava ser padre. ‘Muito mandão, sempre
dando moral, como se a religião estivesse acima das pessoas’. Os outros 28
irmãos eram mais fáceis de conviver.
Não se lembra de gente doente. Tinham um pomar gigante,
viviam comendo frutas. Moravam na beira do rio e até no inverno havia mergulho.
Brincavam muito com a água.
A alimentação era natural, aliás, não havia tantas bobagens
oferecidas, diz Dona Antonieta. Ela tem
orgulho de ver que toda a família era saudável pelo fato de que sabia conviver
bem: nenhum problema era tão problema que os levassem a se separar como uma família.
Podiam divergir, mas, estavam sempre atentos ao quanto eram importantes uns para os outros.
O pai era firme para que todos estudassem e, para manter a
ordem, também era autoritário. Disso dona Antonieta não gosta muito de lembrar.
Na mesa, por exemplo, ele falava: ‘só eu e a mãe de vocês
podemos falar, respeitem isso. Depois que nós dois sairmos da mesa vocês podem
falar’. E, todos obedeciam, apesar de alguns ‘chutezinhos por baixo da mesa e
alguns olhares silenciosos dizendo ‘você não pode se defender agora’.
Depois passava.
‘Era melhor naquela época, muito melhor, nós conseguíamos ser
felizes’. Dona Antonieta falava com os olhos marejados de saudade.
Não é uma questão de saudosismo. É que antes funcionava
melhor mesmo. Dona Antonieta está certa. E, sabe por qual razão? Por
que não andávamos tão distraídos, tão ansiados por ‘sei lá o que é, mas, eu quero
já que você tem’.
Não acredito que um dia desejaremos menos. Vejo grandes
personalidades, inclusive na área da espiritualidade e no posto de Gurus, muito desenvolvidos, que
desejam mais ainda.
Quem sabe o que podemos fazer é aprender a desejar: um
banho de rio? Uma visita em plena quarta-feira a uma amiga e um saboroso café
com leite e um pãozinho quentinho? Um telefonema para o irmão apenas para
lembrá-lo o quanto é amado por você? Uma noite com muito sexo e paixão na
esposa que está ao seu lado a mais de 20 anos?
Desejar o mais simples, desejar aquilo que fica, desejar
aproveitar mais todos os sentidos.
É uma dica psicológica para este final de semana.
Bom abraço.





